sexta-feira

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THE END
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Este blog foi para mim mais do que um diário de bordo. Foi durante algum tempo um grito, um desabafo, uma terapia. Foi a forma que encontrei de lutar contra a depressão que me assolou após a morte de Ermelinda do Rosário Madeira, a minha avó.
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O decurso dos anos fez suavizar em mim a sua falta. Fez-me crescer. O sofrimento tornou-me ainda mais forte.
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Hoje sobram apenas recordações felizes. Esqueci a dor e a angústia, preservo apenas na memória um verso de Camões: "quem quer passar o Bojador tem que passar além da dor" (in Lusíadas).
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Uma coisa compreendi também pelo caminho: tudo na vida tem um termo, um fim. Até, imagine-se, o sofrimento mais atroz.
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Este blog tem, por isso, também aqui o seu fim.
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Passaram os dias, os anos. A vida mudou-me.
Enchi-me de novo de coragem. Desatei as amarras. Fiz-me ao largo. Decidi zarpar.

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Até amanhã camaradas!

Nuno Miguel Madeira

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FADO DOS CONTENTORES
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Já ninguém parte do Tejo
Para dobrar bojadores
Agora olho e só vejo
Contentores contentores.
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E do Martinho Pessoa
Já não veria o vapor
Veria a sua Lisboa
Fechada num contentor.
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Por mais que busques defronte
Nem ilhas praias ou flores
Não há mar nem horizonte
Só contentores contentores.
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Lisboa não tem paisagem
Já não há navegadores
Nem sol nem sul nem viagem
Só contentores contentores.
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Entre o passado e o futuro
Em Lisboa de mil cores
O sonho bate num muro
De contentores contentores.
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Por isso vamos cantar
O fado das nossas dores
E com ele derrubar
O muro dos contentores.
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[Manuel Alegre, 04.03.2009]
In:
http://manuelalegre.com/
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terça-feira


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Está na hora !
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Ver e ouvir:
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"Os bancos são mais perigosos para as liberdades do que os exércitos. Se o povo lhes der o controlo da sua moeda, será privado de tudo. Até os seus filhos acordarem sem-abrigo".
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Thomas Jefferson, presidente do E.U.A., 1802.


"O Capital tem horror à ausência de lucro. Quando fareja um benefício, o capital torna-se ousado.
A 20% fica entusiasmado.
A 50% é temerário.
A 100% enlouquece à luz de todas as leis humanas.
A 300% não recua diante de nenhum crime".
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Karl Marx, O Capital




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terça-feira

1 de Maio de 1886, chicago, EUA
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Do que um homem é capaz
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Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
P'ra chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
P´ra levar de vencida
Uma razão de viver
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A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho
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Vejo a gente cuja vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vão fazer
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Vão poluindo o percurso
Co'as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
À custa das nossas utopias
Usurpam regalias
P´ra consumir sozinho
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Com políticas concretas
Impõem essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Co'a treta liberal
E as virtudes do centro
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No lugar da consciência
A lei da concorrência
Pisando tudo p´lo caminho
P´ra castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho
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Ficam cínicos, brutais
Descendo cada vez mais
P´ra subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
É lixar os mais pequenos
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Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quanda a vida é hipotecada
No fim não sobra nada
E acaba-a sozinho
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Mesmo sendo poderosos
Tão fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
P´ra quem é indiferente
Passar a vida a morrer
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Há princípios e valores
Há sonhos e há amores
Que sempre irão abrir caminho
E quem viver abraçado
À vida que há ao lado
Não vai morrer sozinho
E quem morrer abraçado
À vida que há ao lado
Não vai viver sozinho
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José Mário Branco - Música do album Resistir é Vencer
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.Ver e ouvir [José Mário Branco]:
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domingo

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Não percam por favor! Duas horas e meia de muita gargalhada, numa sátira socio-política, assustadoramente actual.
João d'Ávila é um Presidente de Câmara corrupto, despota e rídiculo, de uma qualquer província.
Sabe-se, por uma carta, que um Inspector-Geral - mandado da capital - irá chegar a qualquer momento ao município.
Eis o motivo de todo o drama: o Tribunal está totalmente paralisado, o hospital pura e simplesmente não funciona, a educação é uma indisciplina total, a corrupção é generalizada no aparelho de poder, tudo está virado do avesso...
A peça transforma-se desde então num rol de contratempos, equivocos, traições e gags ilariantes ...
O Inspector-geral mostra um João d'Ávila num registo cómico ao limite, segurando o papel duma forma absolutamente brilhante !
Maria do Céu Guerra desempenha a mulher do Presidente, uma figura provinciana, superficial e ambiciosa. Um papel de grande mérito.
O restante elenco aguenta bem a peça, dando-nos grandes momentos de comédia.
O texto é genial e fala-nos com humor de coisas muito sérias. Neste sentido é muitíssimo actual!..
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Ficha Artística:
Texto de Nikolai Gogol
Espectáculo de Maria do Céu Guerra
Cenário de Maria do Céu Guerra
realizado por Mário Dias
Música e Direcção Musical de António Victorino d’ Almeida
Com: Maria do Céu Guerra, João D'Ávila, Adérito Lopes, Carla Alves, Jorge Gomes, Pedro Borges,Rita Fernandes, Sérgio Moras, Sérgio Moura Afonso, Susana Costaparticipação especial: António Rodrigues e ao piano Madalena Garcia Reis.
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Ver e ouvir:

sábado


"Cheguei à tua frente, ò Fortuna, e erigi as minhas fortificações contra os teus ataques furtivos. E não nos entregaremos como cativos a ti ou a qualquer outra circunstância; pelo contrário, quando chegar a hora de sairmos daqui, desdenharemos a vida e aqueles que em vão se apegam a ela, e partiremos deste mundo proclamando, num belo cântico triunfal, que a vida nos sorriu".

Epicuro, "Setentiae Vaticanae".



Nighthawhs (1942), Edward Hooper
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Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
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Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
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----------------------- Mário Cesariny
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Ver e ouvir [Fausto Bordalo Dias]:
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quarta-feira

As minhas sugestões recomendadas - Natal 2008 :

O Meu Irmão é Filho Único, de Daniele Luchetti, Atlanta Filmes (FNAC). http://br.youtube.com/watch?v=wNj2azFEXzs

O Crocodilo que Voa. Entrevistas a Luiz Pacheco, Tinta da China, 2008.http://www.tintadachina.pt/pdfs/eb04336993397ea22e47e6511622be11-inside.pdf

Hausser, Arnold - História Social da Arte e da Literatura, Martins Fontes, sd.http://www.fnac.pt/pt/Default.aspx?cIndex=0&catalog=livros&categoryN=Livros

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domingo

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De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos,
ou são abatidos Aqueles para quem foram bondosos?
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De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?
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De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?
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Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!
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Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!
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Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!
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Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas', trad. de Paulo Quintela .
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segunda-feira

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"O cartaz do filme Hunger ( Fome, de Steve McQueen, ) faz-se com a magreza do corpo de Bobby Sands, aliás, com a superfície serena de uma pele que recobre um corpo magro, martirizado, denunciando o contorno dos ossos e a iminência da morte. Bobby Sands foi um dos militantes presos do IRA que, na Grã-Bretanha de Margaret Thatcher, fez greve da fome para reivindicar o estatuto de prisioneiro político. O filme — premiado com a Câmara de Ouro (melhor primeira obra) de Cannes 2008 — refaz o calvário de Sands num registo que devolve ao cinema britânico o melhor da sua tradição realista e também a sua radical dimensão política. Michael Fassbender é absolutamente comovente na composição da personagem de Sands. Dirigido pelo artista multifacetado que é Steve McQueen — vencedor, em 1999, do Turner Prize —, Fome é um filme precioso, urgente, humanista até ao limite mais doloroso, porventura mais contraditório, de defesa da dignidade do ser humano. Seria uma pena que a voracidade do marketing natalício diminuísse a importância da sua estreia" (in Sound+Vision).


Subscrevo, e por isso, aqui vai o trailler: http://br.youtube.com/watch?v=dmVPCX0LxN8
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... e alguns outros apontamentos :
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e ainda ...
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Weeping Winds
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Oh! Cold March winds your cruel laments
Are hard on prisoners' hearts,
For you bring my mother's pleading cries
From whom I have to part.
I hear her weeping lonely sobs
Her sorrows sweep me by,
And in the dark of prison cell
A tear has warmed my eye.
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Oh! Whistling winds why do you weep
When roaming free you are,
Oh! Lonely winds that walk the night
To haunt the sinner's soul
Pray pity me a wretched lad
Who never will grow old.
Pray pity those who lie in pain
The bondsman and the slave,
And whisper sweet the breath of God
Upon my humble grave.
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Oh! Cold March winds that pierce the dark
You cry in aged tones
For souls of folk you've brought to God
But still you bear the moans.
Oh! Weeping wind this lonely night
My mother's heart is sore,
Oh! Lord of all breathe freedom's breath
That she may weep no more.
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(Steve Sands, Poemas da Prisão)

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sábado

doclisboa 2008
VI Festival Internacional de Cinema Documental
16 a 26 de Outubro
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"Gostava que o meu livro ficasse como um grito de amor e que não se deixasse ficar pelo caminho, de forma a poder-se olhar para ele mais tarde com o mesmo amor".
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Diniz Machado (21.03.1930 - 03.10.2008).



Fotografia de Augusto Cabrita
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"O que diz Molero" (excerto):
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A última entrevista (Jornal Público,em 21.02.2007):






Into The Wild - O Lado Selvagem

Ver e ouvir:

http://br.youtube.com/watch?v=2LAuzT_x8Ek
http://br.youtube.com/watch?v=Ct45eI1OLfY
http://br.youtube.com/watch?v=huBabZoBJVM
http://br.youtube.com/watch?v=JRsu6802-RY
http://br.youtube.com/watch?v=Q-d8q6qDTKQ

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domingo


Ver e Ouvir:
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Ver e Ouvir:

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Dez réis de esperança

Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
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Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
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não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
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se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
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ANTÓNIO GEDEÃO
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Ver e Ouvir.
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sitio na Net
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segunda-feira


Sátira aos HOMENS quando estão com gripe
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Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisasna e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
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ANTÓNIO LOBO ANTUNES




sábado

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Alguma vez falhaste? alguma vez tentaste?
Tenta outra vez, falha outra vez, falha melhor!
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Samuel Beckett (1906 - 1989)
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"MRS. ROONEY (Aflita): Cuidado com a galinha! (Guinchar de travões. Cacarejo) Oh, céus, esborrachou-a! Continue!
Continue, não páre! (O carro acelera. Pausa) Que maneira de morrer! Num momento a escavar satisfeita, em pleno sol, debicando feliz no esterco, na estrada, permitindo-se ocasionalmente o prazer de um bom mergulho na poeira e, no instante seguinte - zás! - eis que todos os seus tormentos chegam bruscamente ao fim. (Pausa) Tanto esforço a pôr ovos, a chocá-los... (Pausa) Um breve cacarejo mais sonoro e em seguida - a paz! (Pausa) De qualquer das maneiras, acabariam por cortar-lhe o pescoço."
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SAMUEL BECKETT, Todos os que Caem
(trad. de Carlos Machado Acabado)
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Nota biográfica:
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Samuel Barclay Beckett nasceu a 13 de Abril de 1906, numa sexta-feira 13, perto da cidade de Dublin. Teve uma infância feliz, mas era, nas suas próprias palavras, "pouco dotado para a felicidade".
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Aos 17 anos, entrou na Universidade de Trinity, onde se destacou como desportista e se interessou por línguas estrangeiras e literatura, envolvendo-se no meio artístico irlandês. Terminados os estudos superiores, foi professor de línguas durante anos mas, depois de conhecer James Joyce e de se tornar seu secretário, começou a escrever, a instâncias do mestre. Fez crítica literária, publicou ensaios, poesia, romances. Chegou a escrever uma carta a Eisenstein, propondo-se ir para Moscovo estudar cinema, mas ficou sem resposta. Ainda assim, deixou para a História uma aventura na sétima arte chamada, simplesmente, "Film": uma produção muda interpretada por Buster Keaton (Charlie Chaplin tinha recusado o papel).
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Aos 31 anos, em Paris, na sequência de uma briga que não provocou, Beckett foi esfaqueado junto ao coração e socorrido por Suzanne Deschevaux-Dumesnil, seis anos mais velha do que ele e, a partir de então, sua companheira para o resto da vida.
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Em 1940, integrou a Resistência Francesa a pedido de Jeannine Picabia (filha do pintor Francis Picabia), adoptando o nome de código "Sam" ou "O Irlandês".
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Com mais de 40 anos, começou finalmente a escrever teatro, arte que lhe daria notoriedade. Fê-lo, como ele próprio confessou, para sair da depressão em que se encontrava. "Pensei que o teatro seria uma distracção", diria mais tarde. "À Espera de Godot", "Endgame" ou "Os Dias Felizes" transformaram o teatro ocidental e mudaram a vida de Beckett que, a partir dos 47 anos, veria o mundo render-se finalmente ao seu talento.
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O Nobel chegou em 1969, mas Beckett, que estava na Tunísia por razões de saúde, não o foi receber pessoalmente. Entregou parte do dinheiro (73 mil dólares) para financiar a actividade de jovens artistas: pintores, escritores, eruditos, e para pagar espectáculos de teatro experimental. Hospitalizado no início do mês de Dezembro de 1989, Samuel Beckett morreu no dia 22 do mesmo mês, à uma da tarde. Seis meses depois de Suzanne.
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Em Palco:

Começar a Acabar de SAMUEL BECKETT.
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Direcção tradução interpretação JOÃO LAGARTO.
Desenho de luz JOSÉ CARLOS GOMES - figurino ANA TERESA CASTELO - música JORGE PALMA - co-produção TNDM II ACE Teatro do Bolhão.
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Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II
10 de Abr a 01 de Jun 2008
3ª a Sáb. 21.45 - Dom. 16.15
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Ver e ouvir:
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domingo

Foram dias, foram anos
a esperar por um só dia.
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Alegrias. Desenganos.
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Foi o tempo que doía
com seus riscos e seus danos.
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Foi a noite e foi o dia
na esperança de um só dia.
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Manuel Alegre
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Cartazes do 25 de Abril : http://abril25.do.sapo.pt/

Depois da fome, da guerra
da prisão e da tortura
vi abrir-se a minha terra
como um cravo de ternura.
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Vi nas ruas da cidade
o coração do meu povo
gaivota da liberdade
voando num Tejo novo.
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Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido
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Vi nas bocas vi nos olhos
nos braços nas mãos acesas
cravos vermelhos aos molhos
rosas livres portuguesas.
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Vi as portas da prisão
abertas de par em par
vi passar a procissão
do meu país a cantar.
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Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido
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Nunca mais nos curvaremos
às armas da repressão
somos a força que temos
a pulsar no coração.
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Enquanto nos mantivermos
todos juntos lado a lado
somos a glória de sermos
Portugal ressuscitado.
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Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido.
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Portugal Ressuscitado, José Carlos Ary dos Santos, Caxias, 26 de Abril de 1974.
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