sexta-feira

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FADO DOS CONTENTORES
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Já ninguém parte do Tejo
Para dobrar bojadores
Agora olho e só vejo
Contentores contentores.
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E do Martinho Pessoa
Já não veria o vapor
Veria a sua Lisboa
Fechada num contentor.
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Por mais que busques defronte
Nem ilhas praias ou flores
Não há mar nem horizonte
Só contentores contentores.
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Lisboa não tem paisagem
Já não há navegadores
Nem sol nem sul nem viagem
Só contentores contentores.
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Entre o passado e o futuro
Em Lisboa de mil cores
O sonho bate num muro
De contentores contentores.
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Por isso vamos cantar
O fado das nossas dores
E com ele derrubar
O muro dos contentores.
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[Manuel Alegre, 04.03.2009]
In:
http://manuelalegre.com/
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