sábado

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Alguma vez falhaste? alguma vez tentaste?
Tenta outra vez, falha outra vez, falha melhor!
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Samuel Beckett (1906 - 1989)
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"MRS. ROONEY (Aflita): Cuidado com a galinha! (Guinchar de travões. Cacarejo) Oh, céus, esborrachou-a! Continue!
Continue, não páre! (O carro acelera. Pausa) Que maneira de morrer! Num momento a escavar satisfeita, em pleno sol, debicando feliz no esterco, na estrada, permitindo-se ocasionalmente o prazer de um bom mergulho na poeira e, no instante seguinte - zás! - eis que todos os seus tormentos chegam bruscamente ao fim. (Pausa) Tanto esforço a pôr ovos, a chocá-los... (Pausa) Um breve cacarejo mais sonoro e em seguida - a paz! (Pausa) De qualquer das maneiras, acabariam por cortar-lhe o pescoço."
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SAMUEL BECKETT, Todos os que Caem
(trad. de Carlos Machado Acabado)
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Nota biográfica:
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Samuel Barclay Beckett nasceu a 13 de Abril de 1906, numa sexta-feira 13, perto da cidade de Dublin. Teve uma infância feliz, mas era, nas suas próprias palavras, "pouco dotado para a felicidade".
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Aos 17 anos, entrou na Universidade de Trinity, onde se destacou como desportista e se interessou por línguas estrangeiras e literatura, envolvendo-se no meio artístico irlandês. Terminados os estudos superiores, foi professor de línguas durante anos mas, depois de conhecer James Joyce e de se tornar seu secretário, começou a escrever, a instâncias do mestre. Fez crítica literária, publicou ensaios, poesia, romances. Chegou a escrever uma carta a Eisenstein, propondo-se ir para Moscovo estudar cinema, mas ficou sem resposta. Ainda assim, deixou para a História uma aventura na sétima arte chamada, simplesmente, "Film": uma produção muda interpretada por Buster Keaton (Charlie Chaplin tinha recusado o papel).
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Aos 31 anos, em Paris, na sequência de uma briga que não provocou, Beckett foi esfaqueado junto ao coração e socorrido por Suzanne Deschevaux-Dumesnil, seis anos mais velha do que ele e, a partir de então, sua companheira para o resto da vida.
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Em 1940, integrou a Resistência Francesa a pedido de Jeannine Picabia (filha do pintor Francis Picabia), adoptando o nome de código "Sam" ou "O Irlandês".
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Com mais de 40 anos, começou finalmente a escrever teatro, arte que lhe daria notoriedade. Fê-lo, como ele próprio confessou, para sair da depressão em que se encontrava. "Pensei que o teatro seria uma distracção", diria mais tarde. "À Espera de Godot", "Endgame" ou "Os Dias Felizes" transformaram o teatro ocidental e mudaram a vida de Beckett que, a partir dos 47 anos, veria o mundo render-se finalmente ao seu talento.
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O Nobel chegou em 1969, mas Beckett, que estava na Tunísia por razões de saúde, não o foi receber pessoalmente. Entregou parte do dinheiro (73 mil dólares) para financiar a actividade de jovens artistas: pintores, escritores, eruditos, e para pagar espectáculos de teatro experimental. Hospitalizado no início do mês de Dezembro de 1989, Samuel Beckett morreu no dia 22 do mesmo mês, à uma da tarde. Seis meses depois de Suzanne.
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Em Palco:

Começar a Acabar de SAMUEL BECKETT.
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Direcção tradução interpretação JOÃO LAGARTO.
Desenho de luz JOSÉ CARLOS GOMES - figurino ANA TERESA CASTELO - música JORGE PALMA - co-produção TNDM II ACE Teatro do Bolhão.
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Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II
10 de Abr a 01 de Jun 2008
3ª a Sáb. 21.45 - Dom. 16.15
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Ver e ouvir:
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